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A QUESTÃO ARISTOTÉLICA
POR, CICERO DE FREITAS AGOSTINHO
A questão aristotélica "práxis" e "poiesis"
No livro I Aristóteles tem como preeminência o agir segundo a razão, a justa medida, esta deve entrar para não cedermos às inclinações naturais como forma de atingir a eudaimonia, ou seja, a felicidade, esta será alcançada por intermédio da busca pelo bem, da vida comedida, ou seja, o não pender nem para o exagero nem para a falta, isto é, o meio-termo a justa medida que é o caminho que regula a ética aristotélica.
Na visão de Aristóteles, visto ser a razão, a característica essencial do ser humano, a moral pratica ou arte de viver é sempre uma regra que implica um principio racional e que está em consonância com a virtude, a virtude por sua vez é um habito que foi interiorizado, são atitudes, disposição habitual e repetitiva, isto é, que se adquiri mediante exercício. Por isso afirmava Aristóteles: "Porquanto uma andorinha não faz verão, nem um dia tampouco; e da mesma forma um dia, ou um breve espaço de tempo, não faz um homem feliz e venturoso" (OS PENSADORES, 1991:16).
A virtude não é um ato que se realiza apenas em um momento, mas é uma atitude estável e constante, ou seja, o homem virtuoso é naturalmente inclinado a fazer o bem, pois o que é próprio da virtude é de conduzir o homem a perfeição.
Por isso, a virtude é o tema principal do livro II, segundo o filosofo esta se divide em virtudes intelectuais que são resultado do ensino, e as virtudes morais que não são naturais, mas são adquiridas em decorrência de um hábito, contudo Aristóteles dizia que a teoria nem sempre se dar na pratica, a ética não é um saber teórico é práxis, não adianta saber que ser honesto é ético e roubar o outro é errado, a ética é práxis e todos os elementos agentes, ação, verdade e a finalidade não se separam, nos capítulos IV e V do livro VI da ética a Nicômaco Aristóteles faz essa distinção entre saber prático e saber teórico, a questão aristotélica é a práxis, em contrapartida na poiêsis Aristóteles afirma que o agente, a técnica e a finalidade estão separados, o que não é o caso da práxis em que o agente, a ação e a finalidade nunca se separam.
É preciso moderar as paixões e a razão deve controlar os impulsos, o principio regulador é o caminho do meio, mas somente os homens virtuosos poderão alcançar a eudaimonia a felicidade.
É patente observar que tanto os jovens como os adultos carecem de convicções firmes e estáveis na qual possam pautar sua conduta para poder resistir aos impulsos naturais. Em outras palavras os homens não são capazes de ter como preeminência o agir de acordo com a justa medida, talvez porque vivemos uma crise na ética, ou porque a razão humana já nos deu sinais, de que não tem a capacidade de fundamentar valores.
Por esse motivo, quando o assunto são valores morais entramos num terreno que não há consenso, pois tudo parece ser relativo e opinável, desta maneira a moral se apresenta como instável e sem contornos claros. Contudo assim como Sócrates, Aristóteles também já havia entendido a grandeza dos valores éticos, e que é melhor sofrer uma injustiça do que cometê-la. Isto significa também, que tanto Sócrates como Aristóteles perceberam que o mau moral é o pior de todos os males, pois se agimos imoralmente, ou cometemos uma injustiça, vamos carregar para sempre na memória lembrança daquele ato censurável.
Isto indica que é precisamente na sabedoria prática que repousa toda a grandeza moral, pois o individuo torna-se virtuoso somente por intermédio de uma resposta que livremente dar em relação às virtudes e os valores. Em contrapartida as virtudes brotam e se solidificam pelo exercício, ou seja, pelo hábito, assim, há uma estreita conexão entre virtude e hábito, pois ninguém é virtuoso por natureza, mas se dar quando seguindo um hábito me torno virtuoso por isso expressou bem Aristóteles: "Não é, pois, por natureza, nem contrariando a natureza que as virtudes se geram em nós. Diga-se, antes, que somos adaptados por natureza a recebê-las e nos tornamos perfeitos pelo hábito" (OS PENSADORES, 1991:27).
No entanto não é tão fácil, pois as matérias relativas à conduta humana não são fixas, de modo que a pessoa virtuosa é aquela que sabe situar-se em um determinado momento, devendo assim, encontrar a justa medida de acordo com os deveres e situações que se apresentam, pois esta foi precisamente uma tentativa de Aristóteles. Aliás, é mediante a reta razão, capacidade que consiste em guiar-se pela justa medida, que se torna possível o domínio das paixões, enfim esta capacidade possibilita a razão poder controlar o excesso de desejo, pois o excesso de desejo constitui a origem de todos os males da alma, porém é preciso sempre orientar a conduta segunda a regra do meio, pois, "tanto a deficiência como o excesso de exercício destroem a força; e, da mesma forma, o alimento ou a bebida que ultrapassem determinados limites tanto para mais como para menos, destroem a saúde ao passo que, sendo tomados nas devidas proporções,produzem,aumentam e preservam". (OS PENSADORES, 1991:280).
Também, Aristóteles acertadamente diz: "É acertado, pois, dizer que pela prática de atos justos se gera o homem justo, e pela prática de atos temperantes; o homem temperante; sem essa prática ninguém teria sequer a possibilidade de tornar-se bom". (OS PENSADORES, 1991:31).
Aristóteles definia a virtude como, a de que sejam disposições de caráter é a equidistância entre dois vícios, um por excesso e o outro por falta. A virtude consiste na mediania é a virtude do homem comedido.
Assim na concepção aristotélica, para alcançar a felicidade necessitamos de alguns meios, mas Aristóteles lembra que a felicidade se relaciona principalmente com a vida virtuosa, assim, pois, a finalidade por excelência das ações humanas é a vida virtuosa, por isso diz Aristóteles: "outra crença que se harmoniza com a nossa concepção é a de que o homem feliz vive bem e age bem; pois definimos praticamente a felicidade como uma espécie de boa vida e boa ação". (OS PENSADORES, 1991:17).
Juan Luis Lorda, em seu livro Moral a Arte de viver, menciona que "para que a consciência acerte", em matéria de juízo de bem ou de mal é preciso que esta se encontre de posse de determinados conhecimentos morais.
Como acabamos de ver não é possível ter o mínimo de felicidade sem praticar as virtudes éticas. Contudo se a felicidade possui como característica o agir bem, ou seja, conforme a virtude, o caminho do meio entre dois extremos ou dois vícios parece ser esta uma regra fundamental, exemplos:
A fortaleza parece situar-se entre a covardia e a audácia;
A temperança parece situar-se entre a intemperança e a insensibilidade;
A liberalidade: entre a prodigalidade e a avareza;
A conservação da personalidade entre a renúncia do pusilânime e a presunção do orgulhoso.
É verdade, porém que a maioria dos homens não sabe o que procura, sem dúvida talvez seja por isso mesmo que essa insatisfação pareça caracterizar o homem atual que não encontrando aquele bem absoluto, para a satisfação de suas necessidades se frustra. Parecendo, portanto um eterno insatisfeito.
É muito comum escutar as pessoas falarem: como eu seria feliz se tivesse dinheiro, se tivesse casado com aquela pessoa, se tivesse aquela casa, aquele carro, são pessoas que nunca vivem o momento presente, mas são os personagens de um futuro que não é garantido. Por isso se expressou acertadamente Aristóteles, ao afirmar quer as pessoas analisam mal a sua vida.