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+ SOBRE O PENSAMENTO DE BAUMAN

+ SOBRE O PENSAMENTO DE BAUMAN

POR, CICERO DE FREITAS AGOSTINHO

Zygmunt Bauman (Poznań, 19 de novembro de 1925) é um sociólogo polonês que iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia

Bauman trata sobre a dificuldade de amar o próximo, no inicio do texto do autor remonta a condição pré-social do ser humano do estado de natureza, da guerra de todos contra todos, do homem selvagem, etapa na qual segundo Thomas Hobbes, o homem é o lobo do homem. Neste sentido o estado de natureza se opõe ao sagrado mandamento do amor ao próximo.

Na verdade no estado de natureza a vida estar em constante perigo, assim, para que a humanidade não venha a sucumbir, os homens mutuamente tomam a decisão de aceitar o preceito do decálogo de "amar o próximo como a si mesmo" tendo em vista a sobrevivência. O amor é um sentimento basicamente humano, mas para torná-lo capaz de cumprir o seu destino, isto é, fazer com que o ser humano se reconheça como um ser amado e como capaz de amar deve romper com as tendências naturais de poder, domínio, predileções, impulsos, conforto dentre outros.

O dever de amar o próximo, por exemplo, representa a passagem do instinto de sobrevivência para a moralidade, ou seja, o acordo estabelecido pelos homens no estagio pré-social de estar conforme a lei tornou-se a regra fundamental da vida humana.

Por isso, o amor próprio considerado como um produto do instinto de sobrevivência não pode ser tomado como um modelo do amor ao próximo.

Isso significa que o amor próprio pressupõe o amor de si e que, portanto visa somente o cuidado e a felicidade da pessoa egocêntrica. No entanto afirma Bauman, que é preciso que alguém ame a você primeiro para que você comece a se amar de verdade.

Neste sentido o amante estar sempre desejoso do amor do outro. Esse desejo predispõe a conduta no sentido de valorizar o outro como alguém digno de ser amado, ou seja, é fundamental que alguém diga que você tem determinado valor para que você se sinta amado, da mesma forma a exortação "amar o próximo como a si mesmo, supõe que o outro deseje ser amado pelas mesmas razões que estimulam o amor próprio". (BAUMAN, 2004: 101).

 Acontece que entre as necessidades do homem há uma anterior a qualquer outra, que é a necessidade de reconhecimento por parte de outro sujeito, pela qual alguém está presente no pensamento (imaginação e afeto, inteligência e vontade) de outro. Como é evidente na relação pais-filhos, a criança espera ser reconhecida, aceitada, e isto se exprime tipicamente quando se torna objeto do relato (CONFERÊNCIA dada no IICS, Por prof. Dr. Pe. Manoel augusto santos faculdade de teologia – PUC RS são paulo 22 a 25 de julho de 2008.).

 No que se refere aos atos de violência diz Zygmunt Bauman que, "tendemos a medir o mal, a crueldade, a repugnância e a infâmia da vitimização pelo número de vitimas". (BAUMAN, 2004: 101).

Infelizmente o resultado disso não pode ser senão o que dizia Hannah Arendt: a banalização do mal, a indiferença perante as ações violentas, segue-se daí que o que antes causava repulsa passou a ser tratado com naturalidade e indiferença, ou seja, o que permeia a vida das pessoas é a ausência de reflexão que é o fator do mal, foi o que disse muito bem Hannah Arendt:

 A moralidade desmoronou e transformou-se num mero conjunto de costumes

- maneiras, usos, convenções a serem trocados a vontade – não entre os criminosos, mas entre as pessoas comuns que, desde que os padrões morais fossem socialmente aceitos, jamais sonhariam em duvidar daquilo em que tinham sido ensinadas a acreditar. (ARENDT, 2004:18).

 Em conclusão, Hannah Arendt coloca em cheque a eticidade, pois as pessoas trocam de valores sem nenhuma crise, esta situação também levou a autora a pensar sobre a efetividade e perenidade dos códigos morais. A conseqüência dessa mudança repentina de valores não demorou a se fazer sentir. O relativismo fez com que a moral antiga fosse considerada costumes efêmeros, assim todas as camadas da sociedade alemã colaboraram naturalmente com o plano de Hitler, pois naquele ambiente difuso ninguém pensava sobre aquela situação. Por esse motivo, o que assusta Hannah Arendt é que com o nazismo um novo código valores surgiu, e quando o nazismo caiu voltou-se ao antigo código de valores.

Como vimos nessa rápida referência a Hannah Arendt, circunstâncias graves e situações insustentáveis de convivência podem levar a conseqüências catastróficas. Não é necessária muita reflexão para se dar conta de que são muitas as conseqüências que de tudo isso resulta, por exemplo, numa mudança no plano moral, de todos os valores de nossa sociedade, onde tudo isso acabou cedendo lugar ao individualismo, e ao relativismo que não só rejeita os valores morais, mas nega qualquer objetividade as normas morais.

Outro sintoma desses vai e vem de valores é o excesso de opiniões provisórias e mutáveis. Lembremos das numerosas ideologias relacionadas ao comportamento moral, especialmente no que se referem ao matrimônio, ao sexo e o valor sagrado da vida humana, em que muitas pessoas por motivos diversos rejeitaram os princípios essenciais que fundamentam a moral católica e que eram considerados como absoluto e universalmente validos.

A experiência cotidiana mostra, infelizmente, que nos últimos anos a humanidade entrou numa crise existencial. A falta de ética é um fato evidente e realíssimo, que podemos facilmente constatar em nossa cotidianeidade: todos os dias, a televisão veicula comportamentos escandalosos e reprováveis, quase sempre de representantes políticos que incorre em graves erros de corrupção.

A este ponto, a única conclusão que podemos obter é que falta ética na política, na religião, na mídia televisiva, no trabalho e sem exagero em tudo, até no estudo da própria ética. Para Lembrar um episódio real, há alguns meses encontrava-me aqui no unifai para fazer uma prova de ética, a prova teve início ás 08h45min da manhã, porém num dado momento, muitos que ali estavam resolveram colar. Mas espera ai é ético colar na prova? Talvez você também ainda não tenha se colocado essa mesma questão, porém o que é importante saber é que o homem invariavelmente quebra as regras morais, por que o ser humano é livre para escolher. É por esse motivo, que é tão difícil conseguir construir um sistema moral em que você obtenha garantias de que todas as pessoas obedecerão efetivamente às regras, e que a principio parecem aplicáveis a todas as culturas como é o caso da lei natural, inscrita no coração do homem e que proíbe expressamente o assassinato. Em princípio este mandamento deveria ser universalmente aceito, Já que se observa em todos os homens o desejo de sobrevivência e o desejo de ser. Todavia, como disse anteriormente, são muitos os homens e mulheres que acham que podem rejeitar pontos fundamentais da moral e da ética, como é o caso da lei natural, e do mandamento: não matar. E, isso é só uma parte do que o homem pode querer ou não.

Para dizer com Sartre, a moral é necessária, mas impossível, pois não há consenso universal, e depois as pessoas não obedecem às regras.

De fato a modernidade, ou pós-modernidade operou uma mudança radical na trajetória existencial do homem, que ao invés de agir como nos ensinamentos multisseculares da tradição cristã, procurou seguir uma moral sem código ético, e sem fundamentações. É a moral pessoal, da viciada palavra de que "o que vale é ter boa intenção". Tais morais estão por assim dizer, impregnada de incertezas e dilemas. Por exemplo, partindo do pressuposto de que a o ser humano possui um valor em si mesmo, alguns filósofos modernos e contemporâneos teorizaram que o homem é que dar sentido a realidade, assim os valores morais não passariam de um acordo social. Pois bem, entre os filósofos contemporâneos um dos mais convictos defensores da liberdade humana é Sartre, que afirma categoricamente que nós somos criadores dos nossos próprios valores e somos responsáveis por eles, pois ninguém é capaz de não escolher, ou seja, o único limite é a própria liberdade. Assim não há um Deus que determine as nossas escolhas, ou que nos livre do pecado e do maligno, de modo que estamos no mundo em completa solidão e a responsabilidade é toda nossa.

Embora essa concepção de liberdade seja desconcertante e exceda o que podemos imaginar de liberdade, traz dentro de si a causa de muitos atos de violência, e desamor ao próximo, assim tanto no existencialismo ateu como nas morais altruístas encontramos a intersecção de vários problemas, concernentes á relação entre liberdade e moralidade. No que se refere á liberdade do homem esta resulta do embate da sua tendência necessária para o bem, com sua natureza racional. Isso significa que agir moralmente é agir segundo as orientações da boa consciência.

Em suma, é importante compreender que a liberdade do homem, não pode ser negada, pois é parte integrante de sua existência. Contudo como sabemos, o comportamento humano é diferente do comportamento animal por ser autocontrolado pela razão, enquanto que o comportamento animal é guiado somente pelos instintos, o que em nada nos deve espantar, pois atualmente o comportamento de alguns homens e mulheres em sociedade parece se levar ao abandono aos instintos mais grosseiros da animalidade: a busca de satisfação e comodidades, o prazer do menos esforço possível, e o prazer em não fazer absolutamente nada. Evidentemente homens deste tipo não se preocupam muito em procurar algo mais elevado que o prazer imediato.

Isto explica o fato de achar-se natural um homem ou uma mulher desejar sempre mais do que tem; para pessoas assim a felicidade está sempre dependente das circunstâncias, e projetada no futuro. Assim, por exemplo, o desejo de sucesso profissional, fama e poder, impelem o homem a possuir todas as riquezas do mundo, porque a riqueza material e o triunfo profissional superam qualquer outro valor: família, casamento, amor de amigos, amor de noivos, amor conjugal, valores religiosos, princípios éticos e etc.

Como disse anteriormente um homem destes não capta o sentido e a profundidade dos valores mais elevados; ao passo que as relações humanas atualmente, não estão baseadas como antes no amor, mas no interesse egoísta, como observaram vários estudiosos em particular Zygmunt Bauman. Para entender ainda melhor o relacionamento dos homens uns com os outros e com o mundo dos valores que nos rodeiam é preciso levar em consideração o que nos diz o filosofo Dietrich Von Hildebrand, no texto citado abaixo.

 O mau é um homem hostil aos valores, o homem em quem a soberba domina como atitude fundamental e que vive numa impotente rebelião contra o mundo dos valore. Não se limita a passar por este embotado, como o cobiçoso: arremete contra ele, ainda que se tratasse, digamos, de destronar a Deus. Odeia o mundo do bem e do belo, o mundo da luz, como Alberich no anel dos Nibelungos, de Richard Wagner. Estar cheio de inveja e ressentimento contra este mundo e contra qualquer homem bom e feliz. Nutre-se do ódio, como Caim. O seu comportamento com os outros não é apenas desatencioso, mas expressamente hostil: quer atingir o próximo, ferindo-o com a peçonha do seu ódio. (HILDEBRAND, 1995:50).

 Contudo, isto lhes prejudica principalmente o relacionamento com os outros, pois frequentemente tais pessoas mostram uma incapacidade para amar, porem de acordo com Hannah Arendt o mal não se dar como pensava Agostinho, como má utilização da razão, nem tão pouco como pensava Kant pela vontade, mas se dar basicamente pela ausência de reflexão. Assim, pois, nestas condições temos a banalização do mal, e é isto, sem dúvida, o que explica em parte o fato de que em nossa sociedade muitas pessoas sejam insinceras e individualistas.

De fato, a maioria dos homens parece não vê a fealdade do mal, e se tem a impressão de que o mal é relativo, e de que também os fins justificam os meios, como já pensava Maquiavel. Contudo a realização e a perfeição do homem como nos indica Jacques Leclercq só se realizam no bem.

 Pois não pode haver unidade no mal, visto que o mal é desordem e que duma multiplicidade é ordem. É o mal necessariamente ruptura de unidade, como o falso e o feio. Por outras palavras, uma vida só pode ser lógica no bem; por que; porque lógico também significa um; lógico quer dizer reduzido á unidade dum pensamento. o mal é necessariamente ilógico. (LECLERCQ, 1967:255).

 É verdade que o ambiente da sociedade pós-moderna é caracterizado pelo relativismo, ou seja, não se acredita mais em valores que se apresentem como absolutos e universais. O relativismo como sabemos induz socialmente as pessoas a substituir o melhor pelo mais fácil, ou seja, a conduta humana deixou de ser guiada pelo que é justo e verdadeiro, isto é, pelo o que a nossa consciência nos impele a fazer em cada momento e passou a se guiar pelos próprios gostos, ou pelo que dar prazer. Enfim a cultura pós-moderna obscureceu a voz da consciência, quando os seguidores do ateísmo teológico proclamaram a "morte de Deus", como ensinavam os precursores desta teologia: Dietrich Bonhöffer, Jonh A. T. Robinson, Paul Van Buren e Willian Hamilton que afirmava a morte do Deus moral. Contudo, felizmente, esses homens e mulheres de cabeça vazia puderam apenas desobedecê-la, rejeitá-la e evitá-la, mas não conseguiram fazê-la desaparecer, e apagar esse eco na consciência que é a voz de Deus.

Pode-se dizer, pois, que esse foi o principal motivo que dificultou amar o próximo e quere-lhe o bem. Hoje, o homem ou uma mulher em quem os valores éticos, morais e cristãos sejam inerentes a vida, ou em quem os valores sejam uma parte constitutiva do seu caráter, e de sua conduta causam tanta aversão e ódio. Por isso tem razão o filosofo e teólogo espanhol Juan Luis Lorda quando sustenta que "a presença real e exemplar do bem irrita os que se comportam mal, porque é como jogar-lhes na cara, embora sem pretendê-lo, a sua conduta desviada". (LORDA, 2001: 236)

Ainda, assim, embora muitos homens e mulheres se comportem mal, e tenham por vezes calado a voz da sua consciência, não conseguiram eliminar a reprovação de uma conduta ética, contra aqueles que acreditam que os valores não são mais do que convenções humanas.

Ao situar os valores morais no centro da investigação ética e filosófica, veremos que os valores serão valores só enquanto nos propicia um beneficio. Neste caso para muitas pessoas uma vida boa, é uma vida sem regras e normas, isto é, sem limites a nossa liberdade, que não imponha regras, ou seja, que eu faça somente aquilo que tenha vontade ou que faça o que eu quiser.

Agindo de tal maneira o ser humano não tardaria em matéria de valores, análogo aos relacionamentos, por trocá-los por outros, se estes não fossem mais úteis ou não fossem mais interessantes.

Segundo Zygmunt Bauman as conseqüências éticas de tal concepção seria a negação da dignidade humana, assim nesse meio não haveria condições de florescer a vida, pois tal concepção tem a intenção não só de negar a dignidade humana, mas a própria vida.

Isso infelizmente é possível. Contudo, se essa ação exerce um papel negativo sobre a vida das pessoas, sem duvida é preciso considerá-la falsa, e não reconhecê-la, significa excluir a idéia de querer, atribuir- lhe qualquer valor.

Em conclusão, apesar da fase crítica que caracteriza a modernidade e a pós - modernidade e do ateísmo avassalador que favorece sempre mais a secularização, bem como uma época em que a moral e a ética tenham caído em descrédito, se me convenço de que a modernidade com a promessa de tornar a vida mais fácil deixou de dar o que prometeu, e, além disso, pode ser responsabilizada pela sociedade permissiva, como observou o padre Francisco faus,

 Sendo que a sociedade permissiva tende a ser cada vez mais concessiva com o erro e o mal; por outro lado a ideologia dominante na mídia, ou seja, aquilo que jornais, revistas, tv, etc., apregoam como comportamento "normal", moderno, avançado; e, em terceiro lugar, as decisões majoritárias dos órgãos legislativos. (FAUS, 2005:46).

 Daí também a imensa variedade de calamidades morais e situações irregulares: relações pré- matrimoniais uniões livres, casamento a experiência, isto é, fazer uma experiência sexual antes de se casar de fato, católicos unidos só em matrimonio civil e etc., também aqui temos as técnicas de fecundação artificial, eliminação de fetos, "casamentos" homossexuais, e por fim a liberação das energias em horas avulsas de sexo animalesco.